Serrano conquista nota máxima na UFPB com pesquisa que une saberes populares e formação em dança

O artista e pesquisador Rafael Melo, natural de Serrano (PB), conquistou nota máxima (10) em sua defesa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Licenciatura em Dança da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Intitulado “Tecendo passos, tradições e saberes: a Quadrilha Cafundó na travessia entre o ensino não formal e a Licenciatura em Dança da UFPB”, o trabalho investiga o diálogo entre a universidade e as práticas culturais comunitárias, tomando como objeto de estudo a Quadrilha Junina Cafundó, da cidade de Lagoa de Dentro-PB.

A pesquisa analisa os processos de criação e transmissão de saberes no grupo, articulando-os à formação acadêmica em dança. Com abordagem qualitativa e participativa, o estudo utilizou entrevistas semiestruturadas, observação participante e registros audiovisuais, integrando experiência prática e reflexão teórica.
O trabalho teve como base metodológica a etnocenologia e a análise de conteúdo, evidenciando transformações estéticas e pedagógicas ao longo da trajetória da quadrilha. Segundo o autor, o espetáculo O Grito de Liberdade (2014) apresentava fragilidades narrativas e coreográficas; já em Somos feitos de fases (2023), sob influência de disciplinas como Danças Populares, Improvisação, Corpo e Movimento, Coreografia e Dramaturgia, Técnicas Somáticas e Técnicas Básicas do Movimento, observou-se maior coerência dramatúrgica e organicidade corporal.
O percurso culmina com o espetáculo O trajeto pelo populário nordestino (2025), momento em que se consolida um método híbrido de criação, articulando tradição popular e saberes acadêmicos. Essa metodologia fortalece a identidade cultural do grupo e amplia sua visibilidade em festivais e circuitos artísticos, reafirmando a importância da integração entre ensino formal e não formal na formação em dança.
A pesquisa, orientada pela professora Michelle Boaventura , reforça a relevância da Universidade Federal da Paraíba como espaço de valorização das culturas populares e de construção de pontes entre o saber tradicional e a pesquisa acadêmica.
“A Quadrilha Cafundó me ensinou que o corpo é um livro aberto de memórias e invenções. Na universidade, aprendi a ler e escrever essas danças com novos sentidos, sem perder a raiz popular”, afirma Rafael Melo.